terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Viajar

Falava com a Melissa sobre filmes em que a cidade é uma personagem. Adoro ver as pessoas, a cultura a arquitectura quando são mostradas de forma crua e sem artificialismos por um bom realizador.
Nápoles foi a última cidade que visitei sem tirar o rabo da cadeira. Graças a Matteo Garrone que tanto no Gomorra como no mais recente Reality, estreado a semana passada,  filma as suas histórias nas ruas dessa cidade.
Por isso quando falo de Itália digo sempre com orgulho que conheço Roma, Florença Pisa e agora Nápoles, embora nesta, nunca lá tenha posto os pés.

desenho de Simo Capecchi

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Afinal também sou pai

O meu pai é um desprendido. Acho que herdei isso dele. Apesar de gostar das pessoas que são minhas amigas e de gostar da minha família, passo meses sem lhes ligar. Um telefonema ou isso. Desde que o Gabriel nasceu tem sido pior, mas não faço por mal, simplesmente não me lembro de lhes dar uma apitadela, fazer conversa de circunstância, que está tudo bem e que qualquer dia combinamos qualquer coisa, porque é sempre assim que as chamadas telefónicas acabam comigo. Depois passam-se semanas até que combine qualquer coisa.
A minha relação com o meu pai também é assim, mas pior, porque ele, tal como eu, passa a vida no seu ritmo e deixa os que ama nos seus afazeres e não diz nada.
Neste Domingo adiantei-me. Ele tem andado com os problemas de saúde que por vezes o atiram para o hospital. Coisas sem grande importância, felizmente, mas que me assustam. Não gostava de dizer um dia que passei pouco tempo com ele. Assim prometi recuperar o tempo perdido e estar menos ausente. Fomos à Gulbenkian ver uma exposição de pintura sobre o mar e passámos um tempo porreiro os dois. Partilhamos o gosto pelo desenho e ficámos a ver aquelas obras enquanto comentávamos a destreza com que os pintores faziam o céu e a água.
No carro enquanto o levava a casa ouvimos o Moon Safari dos Air que estava no leitor de Cds e o meu pai pediu para gravar. Fomos para casa dele e ficámos os dois sentados no sofá a ouvir o disco e senti-me mesmo bem.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Adoro que ela saiba o que me faz feliz

Se me perguntarem qual é a qualidade que gosto mais na Melissa é a qualidade de achar completamente normal eu interessar-me por coisas que não têm interesse nenhum para a nossa vida conjugal. Posso interessar-me por poker, desenho, selos, baseball, cricket, faxes dos anos 90, o jogo do peão, jogos de tabuleiro ou mini-golf que nunca não tece qualquer comentário sobre o assunto.
Acho isso impressionante porque não estou a ver todos os homens poderem chegar à mesa de jantar e dizer:
"Querida, não te importas de dar banho ao nosso filho e pô-lo a dormir porque vou a casa do Pedro jogar um jogo de tabuleiro que ele comprou e só devo chegar às duas da manhã?"
Acho que são mesmo poucos os homens que se podem gabar de, ao deitar, terem um voucher para um curso de desenho debaixo da almofada ou então, enquanto estão no parque a tomar conta do seu filho, poderem ouvir dos lábios da mulher.
"Não queres desenhar isto?"
Mesmo que o desenho seja uma porcaria.