A razões porque não tiro mais cursos para desenvolver a minha veia artística é porque as pessoas nesses sítios começam logo a sentir coisas na primeira aula e se há coisa que detesto é ver pessoas a sentir.
Uma vez num workshop de escrita criativa, uma aluna, com esperança em ser escritora, teve vinte minutos a descrever o seu estado de espírito. Que via a sua imagem reflectida nas janelas do carro, que se sentava no adro da igreja, que fumava cigarros e olhava para o fumo que escapava dos seus lábios finos e que, na verdade, se sentia assim, a dissipar-se no mundo como um fumo de cigarro. Montes merdas apenas para dizer que estava aborrecida. Ainda por cima, no fim da leitura, toda a gente achou as palavras da rapariga lindas, o que a encheu de orgulho e motivada para continuar a escrever daquela maneira.
Noutra aula de escrita, essa contaram-me, a formadora pôs os alunos a dançarem com uma folha branca na mão. E eles dançaram.
A última porque passei, foi numa aula de desenho, em que nos foi pedido para passar a palma da mão, antes de iniciarmos o trabalho, pela folha em que iríamos desenhar de forma a podermos sentir o movimento.
Eu passei, claro, para não parecer mal. Fechei os olhos e tudo mas o desenho não saiu melhor.