A Sra. D. Mulhercerta escreveu uma coisa no seu blog que me
deixou pensativo e que muito provavelmente daria um excelente ponto de partida
para alguma coisa.
O sumo do post, em plena silly season, era que mal as férias
acabassem e se consumasse o regresso de alguns bloggers ao activo, se poderia
finalmente saber para onde iriam correr as suas vidas e desvendar o desfecho de
alguns episódios pendentes nas suas existências.
Ora, isso é maravilhoso. O livro aberto que alguns blogs
são, muito embora se saiba que nem todo o negrume que a vida pare é partilhado,
são uma bela fonte de inspiração. Um bom argumentista, que saiba ler nas
entrelinhas do que é escrito, poderá encontrar nestes diários verdadeiras
personagens de carne e osso, cheias de inveja, motivações e mentiras que,
entrelaçadas com uma boa dose de ficção inteligente, dariam certamente
substancia a uma bela série, ou um filme, porque não.
É a rapariga que gasta todo o dinheiro em roupa que é
desenhada no metro pelo rapaz que anda com o seu diário gráfico a pintar
Lisboa. A senhora que passa o dia a cozinhar para postar as suas criações
encontra num workshop um jornalista muito metrosexual que casou com uma
loira que quer ser famosa e que odeia uma colega dele que começou agora a
emagrecer. É a mãe solteira que cuida da sua criança de 3 anos e encontra vá,
um amante de cinema numa sessão do Twilight. O fotógrafo que trabalha no jornal do metrosexual, e que por acaso, é irmão da rapariga que gasta o
dinheiro em roupa, fotografa, num trabalho, o interior da casa duma apaixonada
por design de interiores que anda desesperada por um emprego na sua área e
ocupa o tempo livre a alterar a decoração da sua casa e a dos amigos todas as
semanas.
Bah, ná, muito Love Actually!
Desenho de Henri de Toulouse-Latrec
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