terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Afinal também sou pai

O meu pai é um desprendido. Acho que herdei isso dele. Apesar de gostar das pessoas que são minhas amigas e de gostar da minha família, passo meses sem lhes ligar. Um telefonema ou isso. Desde que o Gabriel nasceu tem sido pior, mas não faço por mal, simplesmente não me lembro de lhes dar uma apitadela, fazer conversa de circunstância, que está tudo bem e que qualquer dia combinamos qualquer coisa, porque é sempre assim que as chamadas telefónicas acabam comigo. Depois passam-se semanas até que combine qualquer coisa.
A minha relação com o meu pai também é assim, mas pior, porque ele, tal como eu, passa a vida no seu ritmo e deixa os que ama nos seus afazeres e não diz nada.
Neste Domingo adiantei-me. Ele tem andado com os problemas de saúde que por vezes o atiram para o hospital. Coisas sem grande importância, felizmente, mas que me assustam. Não gostava de dizer um dia que passei pouco tempo com ele. Assim prometi recuperar o tempo perdido e estar menos ausente. Fomos à Gulbenkian ver uma exposição de pintura sobre o mar e passámos um tempo porreiro os dois. Partilhamos o gosto pelo desenho e ficámos a ver aquelas obras enquanto comentávamos a destreza com que os pintores faziam o céu e a água.
No carro enquanto o levava a casa ouvimos o Moon Safari dos Air que estava no leitor de Cds e o meu pai pediu para gravar. Fomos para casa dele e ficámos os dois sentados no sofá a ouvir o disco e senti-me mesmo bem.

5 comentários:

  1. Eu adoro este blogue. É despretensioso, ternurento, inteligente. A sério.

    Reparei que não esqueceste o pormenor do rego de fora das calças´:) É belo.

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  2. Descobri este blogue hoje e fiquei agradavelmente surpreendida.

    São momentos como esses que fazem(nos) sentido :)
    *

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  3. Assumi o compromisso de passar um dia com minha mãe todos os meses. E tenho cumprido. Beijos da Livia

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